A Fibrose Cística, também conhecida como
Mucoviscidose, é uma doença genética autossómica (não ligada ao
cromossoma x) recessiva (que são necessários para se manifestar mutações
nos 2 cromossomas do par afectado) causada por um distúrbio nas
secreções de algumas glândulas, nomeadamente as glândulas exócrinas
(glândulas produtoras de muco).
O cromossoma afectado é o cromossoma 7, sendo este responsável pela
produção de uma proteína que vai regular a passagem de cloro e de sódio
pelas membranas celulares.
A proteína infectada vais ser a CFTR (regulador de condutância
transmembranar de fibrose cística). E tal como a proteína, o próprio
canal de cloro vai sofrer uma mutação do qual vai resultar um transporte
anormal de iões de cloro através dos ductos das células sudoríparas e
da superfície epitelial das células da mucosa. (Fig. 3.1). Vai ocorrer
então uma alteração no transporte dos iões de cloro através das
glândulas exócrinas apicais, resultando dessa anormalidade, uma
permeabilidade diminuída ao cloro, fazendo com que o muco da fibrose
cística fique cerca de 30 a 60 vezes mais viscoso. A água por sua vez,
como vai seguir o movimento do sódio de volta ao interior da célula, vai
provocar um ressecamento do fluído extracelular que se encontra no
interior do duto da glândula exócrina.
Embora o sistema de transporte muco ciliar não se encontre infectado
pela patologia, ele vai ser incapaz de transportar uma secreção assim
tão viscosa. Devido a essa incapacidade vai haver uma maior acumulação
de muco, conduzindo ao aumento do número de bactérias e fungos nas vias,
o que vai ser muito prejudicial, podendo levar mesmo a uma infecção crônica nos pulmões.
É uma situação grave que pode também infectar o aparelho digestivo e
outras glândulas secretoras, causando danos a outros órgãos como o
pâncreas, o fígado e o sistema reprodutor.
Nos pulmões, as secreções acabam por obstruir a
passagem de ar, retendo bactérias, o que pode conduzir ao aparecimento
de infecções respiratórias.
No tracto gastrointestinal, a falta de secreções
adequadas compromete o processo digestivo, levando a uma má função
intestinal devido a uma insuficiência pancreática. As secreções no
pâncreas e nas glândulas dos intestinos são tão espessas e por vezes
sólidas, que acabam por obstruir completamente a glândula.
As glândulas sudoríparas, as parótida e as pequenas glândulas
salivares segregam líquidos cujo teor em sal é superior ao normal.
A Fibrose Cística engloba-se num grupo de patologias denominadas D.P.O.C (doença pulmonar obstrutiva crónica) que se
caracterizam por haver uma obstrução crônica das vias aéreas, diminuindo
a capacidade de ventilação.
Quando se utiliza o termo DPCO está-se a referir a todas as doenças
pulmonares obstrutivas mais comuns como a bronquite crônica (tosse
produtiva na maioria dos dias, por pelo menos 3 meses num ano), enfisema
pulmonar (quando muitos alvéolos estão destruídos e os restantes ficam
com o seu funcionamento alterado), asma brônquica e bronquietcasias.
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